Sir Gawain (em galês Gwalchmai) é muitas vezes descrito como sendo sobrinho de Arthur, filho de Morgause e do rei Lot de Orkney, irmão de Sir Gaheris e Sir Gareth. Era o cavaleiro mais cioso da corte de Artur, defendendo zelosamente as regras da cavalaria. O seu espírito vingativo fê-lo tornar-se inimigo de Sir Lancelot, depois de este ter morto acidentalmente os seus irmãos Gareth e Gaheris.
A aventura mais extraordinária de Sir Gawain envolve o Cavaleiro Verde.
Numa noite de fim de ano, quando o rei, a rainha e a corte estavam reunidos para um jantar, o gigantesco Cavaleiro Verde - assim chamado por tudo nele, desde a cor da pele, os trajos até o cavalo e os arreios serem verdes - irrompeu no salão e desafiou os cavaleiros da Távola Redonda a um concurso de degolação. Pediu que algum cavaleiro ali presente lhe desse um golpe no pescoço com o machado que ele carregava e que, dali a um ano e a um dia, o oponente estivesse na Capela Verde para receber, por sua vez, o seu golpe.
Gawain aceitou o desafio e com um golpe de machado, decepou a cabeça do cavaleiro que rolou pelo chão, espalhando sangue na carne verde. A corte, tranquilizada, julgou que a prova acabara, mas para assombro geral, o gigante inclinou-se calmamente, apanhou a cabeça do chão e, segurando-a pelos cabelos verdes, montou no seu cavalo. Sentado na sela, apontou com a cabeça cortada para Sir Gawain dizendo-lhe que fosse dali a um ano e um dia à capela solitária para se sujeitar à machadada da desforra. Colocando a cabeça entre os ombros, partiu.
Um ano depois, para manter a palavra, Gawain partiu, sem saber onde encontrar a Capela Verde. Atravessou a floresta de Wirral onde defrontou perigosos trolls e os rigores do Inverno. Muito extenuado pelo frio e pela fadiga, chegou ao castelo de Sir Bercilak de Hautdesert, anfitrião cordial e generoso, que o apresentou à sua bela mulher. Esta era acompanhada por uma velha de aspecto horrível. Bercilak disse-lhe que a Capela Verde ficava a poucas horas de cavalgada dali e que, entretanto, descansasse enquanto ele partia para uma caçada, combinando com ele que lhe daria o produto da sua caça se, em troca, Gawain lhe desse algo que tivesse recebido no castelo.
Durante a ausência do marido, a mulher de Bercilak tudo fez para seduzir o recto cavaleiro mas ele resistiu às suas investidas. Durante dois dias aceitou somente os beijos da dama que, à noite, transmitia a Sir Bercilak em troca da caça. Na terceira manhã, porém, a senhora ofereceu-lhe uma fita verde que o protegeria de qualquer ferimento. O medo da futura confrontação com o Cavaleiro Verde fez com que aceitasse. Como a aceitação do presente implicava o reconhecimento de amor do cavaleiro pela dama, Gawain escondeu o facto de seu anfitrião.
No encontro com o temível Cavaleiro Verde, este revelou ser o próprio Sir Bercilak, que havia sido enfeitiçado pela irmã de Arthur, Morgana - a velha do castelo. Três vezes o machado se abateu sobre o pescoço de Gawain. Nas duas primeiras nada aconteceu pois ele não tinha abusado da hospitalidade do seu anfitrião, ao recusar deitar-se com sua mulher. À terceira, infligiu-lhe um golpe ligeiro pois o cavaleiro tinha aceitado a fita verde, no entanto, como só o fizera por delicadeza, não lhe cortou a cabeça.
Depois de trocarem muitas cortesias, Gawain retornou a Camelot, compreendendo que o zelo cortês não era a mesma coisa que a pureza moral. Desde então, usou sempre a fita verde para nunca se esquecer do seu lapso.
Gawain, um enérgico e incansável guerreiro, cedo perdeu o interesse pela Demanda do Graal. Embora fosse um dos primeiros a encetar a busca, inspirando os restantes cavaleiros, desanimou, faltando-lhe a disciplina, paciência e humildade necessárias. (O Fracasso de Sir Gawain, de Edward Burne-Jones, Tapeçaria, 1895-96)