quarta-feira, 29 de agosto de 2012

A Jornada de Maelduin - III - A Ilha do Cavalo com Patas de Cão

"Na tradição celta, o Outro Mundo (ou o Além) é um lugar de realidade superior, onde vivem os deuses e a plenitude do potencial individual é revelada. Não é um lugar de fantasmas e horrores, como na tradição clássica cristã. Em vez disso, encontramos ilhas repletas de salmões, salões de festas e pilares de prata que se erguem do mar. Há muitos desafios na forma de grandes animais, incríveis gigantes, ilhas de riso e lágrimas incessantes, mas cada um tem uma lição a ensinar."
(...)
"A jornada de Maelduin leva-o do mundo onde os homens e os seus feitos de armas predominam para o Outro Mundo, no qual vivem mulheres e maravilhas. O seu immram (jornada mística) torna-se uma profunda iniciação, permitindo-lhe tornar-se um adulto maduro. O que começa como uma viagem para a vingança contra os assassinos do seu pai, torna-se numa jornada educativa e numa exploração do Outro Mundo, conduzida pelo seu pai, ausente, do outro lado, o da morte."

III - A Ilha do Cavalo com Patas de Cão

A próxima ilha que encontram tinha um cavalo com patas de cão. Com a ansiedade própria do cachorro, o animal saltou sobre eles para comê-los. Quando os viu a fugir, a estranha criatura começou a escavar terra e pedras para os atingir.

O cavalo era um nobre animal de reverência na tradição celta. A combinação da ansiedade de um cão, da velocidade de um cavalo e da destreza de um humano é assustadora. Este é um dos muitos encontros nos quais os homens são uma parte importante da cadeia alimentar: uma experiência salutar para quem está acostumado a ser o agressor. As primeiras explorações da jornada interior são geralmente confusas, parecidas com os sonhos que sucedem a um dia agitado.

in O Livro Celta dos Mortos - A Jornada de Maelduin, de Caitlín Matthews 


sábado, 11 de agosto de 2012

A Jornada de Maelduin - II - A Ilha dos Muitos Pássaros

"Na tradição celta, o Outro Mundo (ou o Além) é um lugar de realidade superior, onde vivem os deuses e a plenitude do potencial individual é revelada. Não é um lugar de fantasmas e horrores, como na tradição clássica cristã. Em vez disso, encontramos ilhas repletas de salmões, salões de festas e pilares de prata que se erguem do mar. Há muitos desafios na forma de grandes animais, incríveis gigantes, ilhas de riso e lágrimas incessantes, mas cada um tem uma lição a ensinar."
(...)
"A jornada de Maelduin leva-o do mundo onde os homens e os seus feitos de armas predominam para o Outro Mundo, no qual vivem mulheres e maravilhas. O seu immram (jornada mística) torna-se uma profunda iniciação, permitindo-lhe tornar-se um adulto maduro. O que começa como uma viagem para a vingança contra os assassinos do seu pai, torna-se numa jornada educativa e numa exploração do Outro Mundo, conduzida pelo seu pai, ausente, do outro lado, o da morte."

II - Ilha dos Muitos Pássaros

A uma ilha eles prosseguiram viagem, e lá encontraram gentis pássaros, abundantemente pousados aos milhares. Carregaram o barco com eles, suave foi a sua passagem; agradável a ilha após a jornada, uma curta estada maravilhosa.





Os homens começam a procurar comida, que, às vezes, se torna uma urgência premente. O Outro Mundo oferece uma abundância de coisas boas, embora haja frequentemente condições que devem ser observadas para que eles não transgridam os limites da hospitalidade. Os pássaros são animais de fala sobrenatural, geralmente mensageiros. Aqui eles proporcionam a Maelduin o meio de sobreviver num ambiente estranho. É importante alimentar-se correctamente para que os homens se sintonizem com o Outro Mundo e recebam os seus benefícios.

in O Livro Celta dos Mortos - A Jornada de Maelduin, de Caitlín Matthews 

domingo, 5 de agosto de 2012

A Jornada de Maelduin - I - A Ilha das Formigas Gigantes

"Na tradição celta, o Outro Mundo (ou o Além) é um lugar de realidade superior, onde vivem os deuses e a plenitude do potencial individual é revelada. Não é um lugar de fantasmas e horrores, como na tradição clássica cristã. Em vez disso, encontramos ilhas repletas de salmões, salões de festas e pilares de prata que se erguem do mar. Há muitos desafios na forma de grandes animais, incríveis gigantes, ilhas de riso e lágrimas incessantes, mas cada um tem uma lição a ensinar."
(...)
"A jornada de Maelduin leva-o do mundo onde os homens e os seus feitos de armas predominam para o Outro Mundo, no qual vivem mulheres e maravilhas. O seu immram (jornada mística) torna-se uma profunda iniciação, permitindo-lhe tornar-se um adulto maduro. O que começa como uma viagem para a vingança contra os assassinos do seu pai, torna-se numa jornada educativa e numa exploração do Outro Mundo, conduzida pelo seu pai, ausente, do outro lado, o da morte."

I - A Ilha das Formigas Gigantes

Viajaram três dias e três noites até ouvirem o quebrar das ondas sobre a terra. Virando para nordeste, encontraram uma ilha onde viviam enxames de formigas gigantes, do tamanho de potros, que tentaram devorar a tripulação e o barco. Mas os homens fugiram.



O início da viagem oferece um período de reflexão quando os homens estão sozinhos com os elementos. Os seus temores são representados pelas formigas gigantes, o primeiro de muitos encontros com animais e seres gigantescos. Esta característica do tamanho astronómico é comum em viagens xamanísticas ao Outro Mundo.(veja-se o exemplo de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll). A experiência inicial do viajante interior geralmente é de medo e expectativa. Viajar para o Outro Mundo costuma trazer à tona ansiedades latentes e dúvidas de si mesmo, principalmente diante do desconhecido. Uma maior experiência gera confiança, mas a solidão é o obstáculo inicial que traz a pergunta: "Quem sou eu, na realidade?"

in O Livro Celta dos Mortos - A Jornada de Maelduin, de Caitlín Matthews
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