sábado, 29 de setembro de 2012

A Jornada de Maelduin - IV - A Ilha dos Cavaleiros Invisíveis

"Na tradição celta, o Outro Mundo (ou o Além) é um lugar de realidade superior, onde vivem os deuses e a plenitude do potencial individual é revelada. Não é um lugar de fantasmas e horrores, como na tradição clássica cristã. Em vez disso, encontramos ilhas repletas de salmões, salões de festas e pilares de prata que se erguem do mar. Há muitos desafios na forma de grandes animais, incríveis gigantes, ilhas de riso e lágrimas incessantes, mas cada um tem uma lição a ensinar."
(...)
"A jornada de Maelduin leva-o do mundo onde os homens e os seus feitos de armas predominam para o Outro Mundo, no qual vivem mulheres e maravilhas. O seu immram (jornada mística) torna-se uma profunda iniciação, permitindo-lhe tornar-se um adulto maduro. O que começa como uma viagem para a vingança contra os assassinos do seu pai, torna-se numa jornada educativa e numa exploração do Outro Mundo, conduzida pelo seu pai, ausente, do outro lado, o da morte."

IV - Ilha dos Cavaleiros Invisíveis

Germano foi sorteado para explorar a próxima ilha, mas Diurán acompanhou-o. Encontraram na areia enormes marcas de cascos de cavalos, cada uma do tamanho de uma vela, e os restos de um grande banquete. Temerosos pelo tamanho do que viam, os dois homens retornaram rapidamente ao barco, de onde podiam ver uma corrida de cavalos e ouvir os sons de cavaleiros gritando para as suas montadas. Mas os cavaleiros não eram vistos.

A tripulação recebe a primeira indicação de que não é a única espécie inteligente neste reino. Ninguém tem ainda a sensibilidade para ver os seres do Outro Mundo, embora já ouçam vozes. Isto corresponde ao modo como os viajantes começam a compreender a extensão e organização do Outro Mundo, uma experiência probatória.

Caitlin Matthews, O Livro Celta dos Mortos



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