quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Descobrir o Tarot com as lendas arturianas: Quatro de Bastões

The Arthurian Tarot, de Anna-Marie Ferguson

A corte celebra o casamento de La Cote Male Tail e Maledisant.

Enquanto jovem, Breunor tinha ido para a corte de Artur, no intuito de se tornar um Cavaleiro da Távola Redonda. Como a sua cota de malha era de fraca qualidade, foi apelidado por Sir Kay de "La Cote Male Tail".

La Cote Male Tail, desejoso de provar o seu valor, decidiu aceitar o desafio do Escudo Negro. Nesta perigosa aventura, La Cote Male Tail tinha ainda de suportar a língua viperina da sua dama-guia, apropriadamente chamada Maledisant. Esta não desperdiçava uma oportunidade para o humilhar, apesar das demonstrações de valentia do jovem.

No entanto, a donzela veio a arrepender-se do seu comportamento e apaixonou-se pelo herói. Depois de alcançada a vitória, La Cote Male Tail foi armado Cavaleiro e casou com Maledisant, cujo nome mudou para Beauvivante, reflectindo a sua felicidade.

Lancelot, amigo e mentor do jovem cavaleiro, ofereceu aos recém-casados o Castelo Pendragon e as terras circundantes.

Significado da Carta: prosperidade e celebrações. Recompensa pelos esforços realizados. Partilha da boa sorte com os outros e criação de bases seguras para o futuro. Bênçãos materiais e emocionais.

domingo, 25 de setembro de 2011

Descobrir o Tarot com as lendas arturianas: Três de Bastões

The Arthurian Tarot, de Anna-Marie Ferguson

Com um olhar experiente e conhecimento prático, o cavaleiro estuda os seus prospectos. 

O cavalo era de grande importância na Bretanha medieval devido à sua força e mobilidade. O negócio da criação de cavalos desempenhava um papel central na sociedade e as pessoas mostravam grande orgulho nos seus estábulos e nos cavalos que criavam.

Além do prestígio, o cavalo era fulcral na vida doméstica e na guerra. O sucesso de Artur em Mount Badon é  , por muitos, atribuído ao valor da sua cavalaria. 

Todo o  estábulo tinha um altar dedicado à deusa equestre Rhiannon (Epona, para os Gauleses). Estes altares eram enfeitados com rosas a fim de mostrar gratidão pela dádiva do cavalo e de assegurar o favorecimento da deusa.

Significado da Carta: Conhecimento prático. Comércio e negociações. Decidir de forma esclarecida, firme e educada. 

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Descobrir o Tarot com as lendas arturianas: Dois de Bastões

The Arthurian Tarot, Anna-Marie Ferguson

Dois dos melhores amigos de Artur delineam planos para progredirem. Bedivere (ou Bedwyr) era um dos mais antigos companheiros do rei e foi-lhe sempre leal  e dedicado. Kay (ou Cei) é popularmente visto como o irmão temperamental de Artur, mas em versões mais antigas, era conhecido como um guerreiro corajoso, cortês e bonito.
Artur conferiu a estes dois cavaleiros a pesada responsabilidade da administração das suas provínicias na Gália. Bedivere ficou na Normandia e Kay em Anjou.

Significado da Carta: Exercício da responssabilidade e da autoridade. Capacidade de gerir um grande projecto. Coragem e maturidade no planeamento do futuro. Tomar decisões baseadas na intuição. Um líder capaz e de honra.

sábado, 17 de setembro de 2011

Descobrir o Tarot com as lendas arturianas: Ás de Bastões

The Arthurian Tarot, de Anna-Marie Ferguson

A Lança do Graal repousa na santidade da antecâmara. Esta lança sagrada era guardada pelo Rei Pescador e tinha o poder de curar, vingar e fertilizar a terra. 

Na sua origem, pode estar a lança celta da redenção - a Lança de Lleu (Lug). Mais tarde associou-se à lança cristã de Longinus e à lança que feriu o Rei Pescador.

Balin, o Cavaleiro das Duas Espadas, entrou no castelo do Rei Pescador em busca de um assassino. Encontrou e matou o vilão e, só mais tarde, descobriu que este era um parente do Rei. Tendo perdido as suas armas, Balin correu pelo castelo para fugir à fúria do soberano e, involuntariamente, entrou na sala da Lança. Enquanto a mirava, fascinado com a sua beleza e santidade, o Rei irrompeu pelo aposento e Balin, em pânico, agarrou na Lança e feriu o Rei na coxa. Com o Golpe Doloroso, o rei definhou e a terra ficou estéril. Só muitos anos mais tarde, dar-se-ia a renovação com o sucesso de Galahad na Demanda do Santo Graal.

Significado da Carta: actividade mental e força espiritual. Sentido renovado de um propósito. Lançar as bases para o sucesso. Seguir a intuição. Fertilidade e criatividade.

sábado, 3 de setembro de 2011

Trigo vendido para uma ilha encantada

Le retour, Alexandre Seon














Há muitos anos atrás, um navio carregado de trigo navegava pelo sul da ilha de Santa Maria, quando os marinheiros viram um cavaleiro com semblante real montado no seu cavalo, que vinha andando por cima das águas. Aproximou-se dos marinheiros, que estavam imóveis de admiração e medo. Sem rodeios, o cavaleiro, disse que queria comprar alguns sacos de trigo dos que o navio transportava.

O comandante, talvez ainda amedrontado, concordou em vender-lho e perguntou-lhe:
— Onde ponho o trigo que nos comprou?
— Vazem-no para o mar porque vai ter ao nosso celeiro — respondeu o cavaleiro e em seguida convidou o comandante — monta para o meu cavalo e vem à minha terra buscar o dinheiro da paga dos sacos de trigo que eu venho trazer-te novamente ao navio.

O comandante, sem saber bem o que fazer, aceitou o convite e, depois de uma estranha viagem, com grande espanto seu, encontrou, numa cidade muito bonita, a âncora do seu navio presa ao adro de uma igreja e o trigo a correr por umas calhas para os celeiros.

O cavaleiro levou-o à sua casa, onde estava a filha, uma linda rapariga. O comandante ficou encantado com a sua beleza e logo se apaixonou por ela. Então o cavaleiro perguntou-lhe:
— Senhor comandante, quer o dinheiro do trigo e partir ou prefere casar com a minha filha? Mas, se casar com ela, a ilha em que vivemos, há muitos anos, ficará desencantada para sempre.
O comandante estava enamorado e respondeu:
- O meu maior desejo era casar com a vossa filha, mas primeiro tenho que cumprir o meu dever e ir levar o trigo aos meus patrões.

Despediram-se. O comandante voltou a saltar para o cavalo, vindo para o navio. Seguiu viagem e, embora por ali tivesse passado em viagem muitas outras vezes, nunca mais pôde ver aquela ilha encantada no fundo do mar, onde vive há muitos anos o rei D. Sebastião.


FURTADO-BRUM, Ângela, Açores: Lendas e outras histórias, Ponta Delgada, Ribeiro & Caravana editores, 1999
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