quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Tristão e Isolda

Sobre o mar de Setembro velado de bruma
O sol velado desce
Impregnando de oiro a espuma
Onde a mais vasta aventura floresce.

Tristão e Isolda que eu sempre vi passar
Num fundo de horizontes marítimos
Trespassados como o mar
Pela fatalidade fantástica dos ritmos
Caminham na agonia desta tarde
Onde uma ânsia irmã da sua arde.

Tristão e Isolda que como o Outono,
Rolando de abandono em abandono,
Traziam em si suspensa
Indizivelmente a presença
Extasiada da morte.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Tristão e Isolda, de Maurice Lalau, 1909



sábado, 16 de fevereiro de 2013

A Jornada de Maelduin - VI - a Ilha das Árvores

"Na tradição celta, o Outro Mundo (ou o Além) é um lugar de realidade superior, onde vivem os deuses e a plenitude do potencial individual é revelada. Não é um lugar de fantasmas e horrores, como na tradição clássica cristã. Em vez disso, encontramos ilhas repletas de salmões, salões de festas e pilares de prata que se erguem do mar. Há muitos desafios na forma de grandes animais, incríveis gigantes, ilhas de riso e lágrimas incessantes, mas cada um tem uma lição a ensinar. (...)
A jornada de Maelduin leva-o do mundo onde os homens e os seus feitos de armas predominam para o Outro Mundo, no qual vivem mulheres e maravilhas. O seu immram (jornada mística) torna-se uma profunda iniciação, permitindo-lhe tornar-se um adulto maduro. O que começa como uma viagem para a vingança contra os assassinos do seu pai, torna-se numa jornada educativa e numa exploração do Outro Mundo, conduzida pelo seu pai, ausente, do outro lado, o da morte."

Arthur Loureiro, Primavera, 1891

Chegaram a uma ilha de árvores. Maelduin pegou num ramo. Após três dias, três maçãs começaram a crescer no galho, sustentando-os por quarenta dias.

Na tradição celta, a maçã é uma fruta da vida eterna. O maravilhoso ramo de maçãs é uma amostra da árvore sobrenatural que alimenta o espírito. A ilha é como o reino paradisíaco do Outro Mundo, Avalon, a Ilha das Maçãs, onde o rei Artur recupera a sua saúde. Nesta ilha, os viajantes aprendem a deixar que os seus dons e percepções naturais amadureçam, um aspecto importante da viagem xamanística.


Caitlin Matthews, O Livro Celta dos Mortos


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