por Daniel Bower
Salisbury Plain, no sul de Inglaterra, alberga vários monumentos pré-históricos como Woodhenge, Durrington Walls e, o mais famoso, Stonehenge. A sua construção ocorreu em etapas que se prolongaram durante séculos (desde 3100 a 2800 AC, aproximadamente). Os povos neolíticos do período eram agricultores com um pequeno número de animais domesticados. Por volta de 2500 AC, chegaram pequenos grupos, chamados de Beaker People (por causa da sua cerâmica), que aí se estabeleceram e miscigenaram com os nativos. Os esforços dessa comunidade contribuiram para a grandeza de Stonehenge - construções e remodelações prolongaram-se até cerca de 1100 AC.
Ao longo dos séculos, quando as suas origens já há muito haviam sido esquecidas, muitas lendas e histórias surgiram sobre este particular círculo de pedras. Alguns sustentam que Stonehenge é o "umbigo" da Grã-Bretanha, o centro a partir do qual se espalhou a criação e onde as energias do céu, da terra e do submundo se unem. Daqui corre o fio da vida, percorrendo toda a Árvore do Mundo, desde as alturas até às profundidades das raízes subterrâneas.
por Daniel Bower
A presença de Stonehenge representará assim a chegada a um ponto do desenvolvimento pessoal em que energias, previamente fragmentadas, se unem, trazendo assim um sentido de completude e uma nova abordagem da vida. O círculo de pedras lembra-nos a natureza circular da vida. A carta do Universo marca o fim dos Arcanos Maiores, mas também a conclusão de um ciclo e a esperança e nova vitalidade anunciadas pela carta do Louco. O mistério de Stonehenge ecoa o mistério da carta do Universo pois contém o elemento do desconhecido.
Quase como seria de esperar, Merlim é associado a Stonehenge. O círculo de pedras teria sido usado pelo grande mago para o estudo das estrelas. Geoffrey de Monmouth, nas suas crónicas, chega a atribuir-lhe a responsabilidade pela construção do templo.
Segundo a lenda, o rei Vortigern e o seu conselho foram convidados por Hengist, o líder dos Saxões, para discutirem a paz, mas foram mortos à traição pelos guerreiros saxões. Os quatrocentos e sessenta nobres foram depois enterrados numa vala comum em Salisbury Plain.
Anos depois, Ambrosius, depois de conseguir o restauro relativo da paz em todo o reino, decidiu que as vítimas da traição mereciam uma homenagem por meio de um monumento e pediu ajuda a Merlim. Este disse-lhe que se queria um monumento eterno, deveria ordenar a transferência para Salisbury Plain do Anel dos Gigantes - um anel megalítico de pedras erigido no Monte Killarus, na Irlanda. As pedras tinham poderes curativos e Ambrosius concordou, enviando para a Irlanda Merlim, Uther e os seus homens a fim de realizarem todo o processo. E foi graças às artes extraordinárias de Merlim que tamanha empresa foi bem sucedida.
Uma vez em Salisbury Plain, Merlim ergue de novo as pedras e Ambrosius condecorou o mago pela sua façanha extraordinária. Ainda hoje, os gigantes dançam em Salisbury Plain.