sexta-feira, 26 de agosto de 2011

D. Sebastião, o Encantado do Ilhéu de Vila Franca


Um pequeno ilhéu ergue-se como uma sentinela de catadura ríspida e dura em frente a Vila Franca, na ilha de S. Miguel e nesse mesmo sítio existe uma ilha encantada povoada de numerosos habitantes.
Em noites de lua, vêem-se vultos de homens como fantasmas brancos. É D. Sebastião que aí vive com os seus companheiros. Nos dias nevoentos, quando a bruma encobre as formas nítidas do ilhéu, vêem-se ondulações de roupa branca que se aproximam da beira do penedo e de lá acenam aos vilafranquenses. Nesses dias, o encantado torna-se visível durante algum tempo e na brisa que sopra brandamente ouve-se uma voz que diz “coragem e fé!”
Uma vez um navio aproximou-se do ilhéu, e descarregou trigo e outros cereais para abastecimento dos encantados que aí vivem à espera do desencantamento.
Esse há-de quebrar-se um dia e D. Sebastião inaugurará um novo império de paz e ventura. Mas a felicidade não será perfeita porque, nesse mesmo momento, a vizinha ilha de Santa Maria desaparecerá com os seus habitantes, submergindo-se nas profundezas do Atlântico.


FURTADO-BRUM, Ângela, Açores: Lendas e outras histórias, Ponta Delgada, Ribeiro & Caravana editores, 1999
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