Yule é o solstício de Inverno, o dia mais curto e a noite mais longa do ano. Os tempos sombrios entre Samhain e Yule chegam ao fim quando os dias começam de novo a crescer. É um Sabbat próprio para a reflexão sobre a forma como todas as coisas se inter-relacionam, para fundir as memórias e para celebrar o regresso da luz, que em breve irá de novo fertilizar e aquecer a terra. É o dia em que se festeja o Sol, o trovão e as deidades do fogo.
Grandes fogueiras eram acesas nas ruas enquanto que dentro de casa se acendiam os troncos de Yule, numa forma simbólica de "ajudar" o Sol a fortalecer-se. Os troncos queimados e as suas cinzas eram guardados como talismãs contra os raios e os incêndios.
O tronco de Yule, de madeira de freixo, é acendido na noite do Solstício, e deve ficar aceso à primeira tentativa. Para cumprir o ritual, terá de se conservar aceso durante doze horas para dar sorte. A árvore enfeitada é uma variante do tronco, onde se acendem velas em vez de se queimar a madeira. Os protestantes atribuem o costume de enfeitar a árvore nesta altura do ano a Martinho Lutero, enquanto os católicos o dão a S. Bonifácio, no entanto ele já aparece nas festas romanas de Saturnália e ainda mesmo antes, no Egipto. Algumas tradições dizem que, no fim da festa, a árvore deve ser queimada, tal como acontece a muitos objectos sagrados quando já atingiram a sua finalidade. No entanto, abater uma árvore para a trazer para dentro de casa é já de si um sacrilégio em relação ao conceito original, que é o de honrar os deuses enfeitando uma árvore de folha perene, mas uma árvore viva, enraizada, sem nenhuma intenção de a matar.
O costume de trocar prendas nesta data também é próprio das tradições de Yule. As pessoas costumam dar presentes umas às outras para assinalar a passagem dos ciclos de vida, ou seja, sempre que se completa mais um ano de vida, quando nasce uma criança, quando há um casamento e nos sucessivos aniversários da data, e até na morte, com oferendas ao defunto (actualmente dão-lhe missas e flores).
Em Yule, é o ciclo do Deus Sol que se comemora. É a partir do Solstício de Inverno que os dias vão começar a crescer, portanto é esta a data do seu "nascimento". E veio daí a ideia das pessoas trocarem prendas, para comemorarem mais um ano todos juntos e relembrarem o que aconteceu durante o ano que passou.
O Natal é a cristianização do Yule. Muitos dos costumes cristãos nesta época derivam das tradições celtas, como o nascimento, o tronco de Natal, a árvore, etc. Uma tradição oriental conta que Maria deu à luz no vigésimo quinto dia, mas não refere em que mês. No ano 320, os sacerdotes romanos escolheram o mês de Dezembro, de forma a fazer coincidir a festa cristã com a dos celtas e saxões ( fazer o calendário religioso coincidir com o dos povos conquistados era uma boa forma de conseguir adeptos, ou pelo menos, simpatias). Em 529, o imperador Justiniano impôs o 25 de Dezembro como feriado obrigatório e em 567, o Concílio de Tour alargou o Natal aos doze dias que vão de 25 de Dezembro a 6 de Janeiro, a Epifania, pelo que, na Idade Média, Natal não designava um só dia, como actualmente, mas todo esse período de doze dias.
Algumas tradições comemoram a Deusa sob a forma da Mãe que dá à luz o Deus Sol. Muitos pagãos também armam um presépio em casa, dando às três figuras um sentido diferente: a Mãe Natureza, o Pai Tempo e o Deus Sol recém-nascido. Outros celebram a vitória do Senhor da Luz sobre o Senhor da Escuridão.
O nome "Yule" deriva da palavra nórdica "yula", que significa roda, e este dia também tem o nome de Dia de Fionna (divindade celta). As cores do Yule são o vermelho, o verde e o branco. Os símbolos são a sempre-verde, o visco, o azevinho e a hera, todas elas plantas conotadas com a fertilidade e a vida eterna, o tronco, a árvore enfeitada, os presentes e a roda de fiar. O visco era especialmente venerado pelos druidas, que o cortavam com uma foice de ouro durante a sexta noite de uma das fases da Lua, acreditando-se ser um afrodisíaco (só usado em rituais de magia, porque ingerido é altamente venenoso). Pendurar um ramo de visco ou um saquinho contendo folhas e rebentos por cima da cabeceira da cama serve de amuleto.