terça-feira, 27 de julho de 2010

A Távola Redonda

A Table in the Likeness of the World



Apesar dos avisos de Merlim, Artur escolhe Guinevere, a filha do rei Leodegrance, para sua rainha. Com ela, vem a grande Távola Redonda, como dote, feita por Merlim a pedido de Uther Pendragon, pai de Artur. Cento e cinquenta cavaleiros podem nela sentar-se, sem nenhum parecer favorecido.

No dia do casamento de Artur, cem cavaleiros se sentaram na Távola Redonda. Nas costas de cada cadeira, estava um nome gravado em letras de ouro. Os nomes eram dos cem já escolhidos e de muitos que ainda estavam por vir, mas um lugar permanece em branco. Questionado, Merlim, enigmaticamente, respondeu que, no seu devido tempo, será preenchido...

Assim a Confraria dos Cavaleiros da Távola Redonda se reuniu pela primeira vez, no dia do casamento de Artur e Guinevere; e se as sementes já estavam lançadas para a ruína do grande sonho de Artur, as sombras ainda estavam distantes naquele dia. Começou então o grande ideal cavalheiresco, cuja fama iria inspirar reis de muitos países e épocas a fundarem Ordens à semelhança da Távola Redonda.


John H. Bacon, Casamento de Artur e Guinevere

Aventuras e desafios aos cavaleiros surgem logo desde o primeiro dia. Um padrão instala-se: uma dama em apuros ou um cavaleiro chegam à corte implorando auxílio a Artur e à Confraria. Desde que o pedido seja justo e a demanda honesta, a Távola Redonda não pode recusar pois está sob o seguinte juramento:

Never to do outrage nor murder, and always to flee
treason; also, by no means to be cruel, but to give
mercy unto him that asketh mercy, upon pain of
forfeiture of their worship and lordship of King Arthur
for evermore; and always to do ladies, damosels,
and gentlewomen succour, upon pain of death.
Also, that no man takes no battles in a wrongful
quarrell for no law, nor for world's goods.
Unto this were all the knights sworn of the table
Round, both old and young. And every year were
they sworn at the high feast of pentecost.

As regras são simples e assentam em ideais da cavalaria medieval. Sendo humanos, nem todos os cavaleiros cumprem rigorosamente estas exigências. No entanto, apesar de algumas falhas, não deixam de respeitar o código de honra da Távola Redonda sempre que são chamados a responder a estranhos acontecimentos e desafios.

Artur estabelece o costume de, em cada banquete, não começar a comer enquanto não ouvir alguma história ou relato de aventura que suscite encanto e maravilhamento. E assim se instala um padrão, onde os cavaleiros partem à descoberta de aventuras, de injustiças para reparar, de vilões para combater. Erram pelas florestas do reino de Artur em busca de um ideal de cavalaria e do reino terrestre perfeito.


A Távola Redonda de Artur servia muitas funções: prevenia as disputas sobre a precedência, simbolizava a completude e representava a Mesa da Última Ceia, com o Graal ao centro. (O Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda Incitados à Demanda por uma Estranha Donzela, de E. Burne-Jones, Tapeçaria, 1898-99)


Referências bibliográficas:

MATHEWS, John, The Arthurian Tradition, Element Books, Limited, 1994
COTTERELL, Arthur, Enciclopédia de Mitologia, Central Livros LDA, 1998

Para um estudo mais detalhado ver aqui
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