segunda-feira, 21 de junho de 2010

LITHA


Edward Robert Hughes, Midsummer Eve

21 de Junho - neste dia, o mais longo do ano, a luz e a vida são abundantes. É nesta data que o Deus Sol (o Pai) atinge o seu poder máximo, antes de morrer, e é então representado usando uma coroa de rosas; as flores e os espinhos simbolizam as duas pulsões vitais, a fertilidade e a morte, Eros e Thanatos.

A Deusa está prenhe, tal como a Terra Mãe está verde e promete boas colheitas. As festas do Solstício de Verão focam a atenção do indivíduo para fora de si mesmo, para a natureza em todo o seu esplendor, experimentando a alegria da plenitude e da abundância, ao provar os primeiros frutos da estação.

Este dia marca o princípio do declínio da força do Sol, mas a estação é em si mesma erótica. O Sol, as flores e a Terra estão em pleno desabrochar, criando uma atmosfera de paixão. Em algumas tradições,os grupos wiccans praticam nesta altura a cópula ritualizada. Outras tradições colocam os rituais eróticos nas festas de BELTANE.

São rituais com paralelos noutras religiões. O culto do deus grego Dionísio tinha celebrações semelhantes, onde a pulsão erótica era confrontada com o seu par, tanto antagonista como complementar, a pulsão da morte.

É o dia em que Reia, a Montanha-Mãe de Creta, expirou toda a criação. Na China, é o dia do festival da deusa Li, a deusa da Luz.

Apesar de não ser a data exacta do Solstício, convencionou-se que seria celebrado no dia 24 de Junho, que mais tarde se tornou o dia de S.João (Jesus e João são ambos filhos do Espírito Santo, anunciados por um anjo a mulheres que julgavam não poder conceber - Maria era ainda virgem e Isabel já demasiado velha. De acordo com o paralelo das histórias da sua concepção, estes dois "irmãos" são celebrados nos Solstícios opostos).

Tal como Moisés, S.João Baptista aparece muitas vezes representado com cornos. Para os cristãos eram raios de luz que lhe saíam da cabeça,mas os pagãos identificaram-no com Cerunnos, o homem selvagem dos bosques vestido de peles, com cornos na cabeça, que habitava os sítios ermos (parecendo ter havido uma paganização de um santo católico!).

As fogueiras de S.João tinham o propósito de afastar os maus espíritos. As pessoas saltavam-nas para dar sorte e as ruas eram iluminadas com lanternas. O povo fazia procissões com candeias no topo de varas enfeitadas com grinaldas, fazendo um percurso para visitar as várias fogueiras. Estas procissões eram acompanhadas de dançarinos de morris (dança tradicional inglesa) e gente disfarçada de dragão, de unicórnio e outros seres.

Tal como BELTANE era a data de reparar as vedações da propriedade particular, LITHA era o dia de reparar os limites das povoações (muralhas, paliçadas). Outra tradição, só levada a cabo pelos mais valentes, era a de passar esta noite no meio de círculo de pedras (um cromlech), uma espécie de iniciação em que o indivíduo adquiria o poder da inspiração para se tornar um poeta ou um bardo.

Também era a noite em que as serpentes se juntavam e rolavam num novelo, engendrando um glain, chamado "ovo das serpentes", "pedra das serpentes" ou "ovo dos druidas". Alguém que conseguisse obter esta bola, adquiria enormes poderes mágicos. Numa lenda galesa, Merlin também vai à procura deste ovo, acompanhado pelo seu cão preto.

Nesta noite, os duendes estavam particularmente animados e podiam ser vistos se um indivíduo esfregasse sementes de feto nas pálpebras enquanto o relógio batia a meia-noite. No entanto, para fazer isto e continuar protegido (os duendes não gostam que os vejam), era também necessário ter um pouco de arruda na algibeira ou, na sua falta, usar o casaco vestido do avesso. Falhando estes estratagemas, o indivíduo só ficaria a salvo se conseguisse atravessar água corrente.



A tradição manda também decorar a casa com ramos de bétula, funcho, erva de S.João e lírios brancos, especialmente sobre a porta principal.

Cinco plantas têm propriedades mágicas especiais durante esta noite: a arruda, as rosas, a erva de S.João, a verbena e o trevo.

Os ícones principais para este dia são a esfera, símbolo do Deus Sol na sua plenitude, e o caldeirão, símbolo da generosidade da Deusa. Os outros símbolos são o fogo, as penas, as espadas (ou as lâminas em geral) e os discos que representam o Sol.

As cores de LITHA são o verde, o amarelo e o dourado, e as deidades para este Sabbat são os deuses de maior força e poder, as deusas grávidas e as deusas da luxúria. A Deusa toma o aspecto da Mãe.


in Wicca - A Velha Religião do Ocidente, de García Baptista
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