Blow, weary wind,
The golden rod scarce chiding;
Sir Launcelot is riding
By shady wood-paths pleasant
To fields of yellow corn.
He starts a whirring pheasant,
And clearly winds his horn.
The Queen's Tower gleams mid distant hills;
A thought like joyous sunshine thrills,
"My love grows kind."
Launcelot by Sinclair Lewis
As origens literárias de Lancelot são vagas. Presume-se que derive de um herói chamado Llwch Lleminiawg, que aparece no Mabinogion e no poema galês Preiddeu Annwn. Além destas referências escassas, nada mais é conhecido dele até reaparecer num poema suíço do século XII intitulado Lanzalet, embora aqui ainda não assumisse o seu famoso papel como amante de Guinevere.
De acordo com Thomas Malory,em Le Morte D'Arthur, Lancelot era filho do rei Ban de Benwick e da sua rainha, Elaine. O rei Ban envolveu-se numa guerra com o rei vizinho Claudus e foi derrotado por este. Rei e rainha tiveram de fugir. Durante a fuga, Ban olhou para trás e ao avistar o seu castelo em chamas sucumbiu. Correndo em sua ajuda, Elaine deixou o filho, então com o nome de Galahad, junto a um lago. A Dama do Lago raptou a criança e criou-a nas suas águas mágicas.
De acordo com Thomas Malory,em Le Morte D'Arthur, Lancelot era filho do rei Ban de Benwick e da sua rainha, Elaine. O rei Ban envolveu-se numa guerra com o rei vizinho Claudus e foi derrotado por este. Rei e rainha tiveram de fugir. Durante a fuga, Ban olhou para trás e ao avistar o seu castelo em chamas sucumbiu. Correndo em sua ajuda, Elaine deixou o filho, então com o nome de Galahad, junto a um lago. A Dama do Lago raptou a criança e criou-a nas suas águas mágicas.
A criança, agora com o nome de Lancelot du Lac, cresceu na companhia de mulheres e das fadas do palácio da Dama do Lago. Depressa revelou grande aptidão para as armas. Aos dezoito anos, reuniu-se com os seus primos, Bors e Lional, e o seu meio-irmão, Ector, e, juntos, dirigiram-se para Camelot. Em memória do apoio prestado pelo rei Ban durante a sua juventude, Artur favoreceu Lancelot armando-o cavaleiro no dia de S.João.
Lancelot, o mais belo e dotado dos cavaleiros de Artur, atraía as rainhas mortais e imortais. Aqui vemos quatro rainhas das fadas raptando o cavaleiro adormecido para o levarem para o seu castelo, exigindo-lhe que escolhesse de entre elas qual seria a sua amante. (The Four Queens Find Lancelot Sleeping, de Frank Cowper, 1954)
Nalgumas versões da lenda, uma das primeiras missões de Lancelot foi escoltar a noiva de Artur, Guinevere, filha do rei Leodegraunce, a Camelot, para a cerimónia do casamento. Foi nesta ocasião que os dois se apaixonaram. Noutros textos, Guinevere já estava estabelecida como rainha quando Lancelot chegou à corte arturiana e depressa se tornou um dos cavaleiros da rainha, uma espécie de sub-ordem da Távola Redonda frequentada pelos jovens aspirantes a cavaleiros, antes de provarem plenamente o seu valor.
Lancelot iniciou então uma série de aventuras que o estabeleceram, sem margem para dúvidas, como o melhor cavaleiro do seu tempo. Entre outros feitos, conquistou um castelo chamado Dolorous Guard, que depois passou a ser a sua casa, mudando-lhe o nome para Joyous Guard. No cemitério assombrado deste castelo, Lancelot conseguiu descerrar a tampa de um túmulo que mais ninguém conseguia para nele encontrar escrito o seu verdadeiro nome e linhagem e uma profecia relativa ao seu futuro filho cujo nome também será Galahad.
Ao regressar a Camelot, Lancelot tornou-se um cavaleiro da Távola Redonda. Auxiliou Artur a acabar com a rebelião do Príncipe Galehaut, que se rendeu depois de reconhecer a honradez e a nobreza de carácter de Lancelot. Galehaut tornou.se depois um amigo chegado de Lancelot agindo até como intermediário entre o cavaleiro e a sua amada rainha.
No episódio da Falsa Guinevere, foi no castelo de Galehaut que Lancelot e a verdadeira rainha se refugiaram. Depois da descoberta e consequente morte da Falsa, Lancelot retornou com a rainha mas os dois já estavam irremediavelmente apaixonados. A vida do cavaleiro tornou-se assim numa luta permanente com a sua própria consciência levando-o em demanda atrás de demanda no intuito de se afastar da corte e da rainha.
Guinevere e Lancelot beijam-se no seu primeiro encontro, proporcionado por Galehaut. (Iluminura, c.1400)
Numa dessas aventuras, Lancelot salvou uma donzela de um banho de águas ferventes, criadas por um encantamento. Ela era Elaine de Corbenic, filha do rei Pelles, o Guardião do Graal. Através da magia, Lancelot dormiu com Elaine, pensando estar com Guinevere, e foi assim que Galahad foi concebido. Foi sugerido por Pamela Lyndon Travers (escritora australiana, criadora de Mary Poppins) que Lancelot teria feito um voto de celibato por não poder amar livremente Guinevere. O reconhecimento de que não só tinha traído a sua amada como tinha quebrado o voto levou-o à loucura.
Acabou por ser descoberto por Elaine de Astolat a vaguear nu e faminto na floresta. A jovem ajudou-o a recuperar-se e apaixonou-se irremediavelmente por ele. Porém, o seu amor nunca foi correspondido e Elaine acabou por morrer de desgosto.
Lancelot e Elaine de Astolat - o cavaleiro aceitou ser o seu campeão em batalha e deu-lhe o seu escudo. A donzela apaixonou-se por ele mas Lancelot não lhe retribuiu a afeição e ela morreu de desgosto amoroso. (Lancelot e Elaine, de Eleanor Fortescue-Bricksdale)
Aquando da Demanda do Santo Graal, Lancelot e Galahad, pai e filho, estabeleceram uma intensa mas breve relação, pois Galahad morreu após encontrar o Cálice Sagrado. Lancelot também teve algumas visões do Graal e conseguiu chegar à Capela onde este estava guardado mas a sua entrada foi impedida por um anjo e o cavaleiro caiu num transe que durou várias semanas.
Foi perfeitamente claro para Lancelot que o seu fracasso se deveu inteiramente ao seu amor adúltero por Guinevere, que excedia o seu amor a Deus, e, por uns tempos, decidiu renunciar a esse amor. No entanto, quando regressou a Camelot, a relação foi retomada e, deste modo, selado o fim inevitável do sonho arturiano.
Lancelot, depois de muito jejuar e rezar, chegou enfim a Carbonek, o Castelo do Graal. Poluído pelo pecado, não pôde entrar mas foi-lhe concedida uma visão do cálice. Tendo-se aproximado demasiado, foi acossado pelas chamas e caiu num torpor que durou 24 dias. (The Dream of Lancelot at the Chapel of The Holy Grail, E. Burne-Jones)
Por esse tempo, muitos dos cavaleiros mais velhos estavam mortos ou perdidos, e um novo contingente surgiu onde se destacou Mordred, filho ilegítimo de Artur, que começou a planear a destruição da Confraria. Surpreendendo Lancelot e Guinevere nos aposentos da rainha, logo que agora estes tinham decidido terminar a sua ligação para o bem do reino, Mordred forçou Artur a tomar uma posição e a condenar a sua rainha à fogueira. Lancelot salvou-a, mas matou acidentalmente Gareth e Gaheris, irmãos de Gawain, e Agravain.
Iniciou-se assim uma guerra no seio da Távola Redonda que culminou na morte de Gawain e na notícia de que Mordred, na ausência de Artur, que persegue Lancelot em França, se apoderou do trono. Artur regressou e defrontou o seu filho numa batalha final resultando daí a morte de ambos. Lancelot chegou tarde demais para ajudar o seu velho amigo.
Depois da guerra, visitou, pela última vez, Guinevere, agora no convento de Amesbury, abandonou as suas armas e adoptou a vida de um eremita. Assim viveu até ao fim dos seus dias. Guinevere morreu e foi sepultada junto de Artur, e, não muito tempo depois, morre também Lancelot sendo sepultado em Joyous Guard.
Assim termina a história do mais ilustre de todos os cavaleiros da Távola Redonda e, talvez, do mais trágico. Lancelot ficou dividido entre o amor e o dever e, na sua luta interior para manter ambos, pereceu arrastando com ele o reino de Artur. O seu fracasso na Demanda do Graal é uma das histórias mais dolorosas de todo o ciclo. Tão grande era o seu coração que quase que alcançou o Cálice. No entanto, não era íntegro o suficiente e o seu fracasso tornou-se maior na medida em que quase era sucesso.
O seu amor por Guinevere prova ser superior ao seu amor por Deus, mas, à sua maneira, é um amor puro. Ao longo de todos os anos da sua devoção à rainha, Lancelot nunca olhou para outra (excepção feita a Elaine de Corbenic que o ludibriou). Quando urgia salvá-la de Meleagraunce, conduziu, quase sem hesitação, uma carroça - veículo reservado, naqueles tempos, para criminosos, mortos, ou transporte de adubo - mesmo assim, não se livrou da censura de Guinevere por ter hesitado, ainda que por breves momentos. Contudo, nesta e outras ocasiões em que a rainha põe em dúvida a sua lealdade, Lancelot permanece firme no seu amor.
Estas características tão humanas fazem de Lancelot uma das mais inesquecíveis personagens do ciclo arturiano, e de quem muito pode ser aprendido por aqueles que procuram entender a importância da sabedoria de Avalon.
Lancelot, "the ill-made knight", nos aposentos da rainha Guinevere. A sua relação amorosa destruiu o reino de Artur e impediu Lancelot de alcançar o Graal. (Lancelot and the Queen, de Dante Gabriel Rossetti)
Referência bibliográfica:
MATHEWS, John, The Arthurian Tradition, Element Books, Limited, 1994
Para um estudo mais detalhado ver aqui
Referência bibliográfica:
MATHEWS, John, The Arthurian Tradition, Element Books, Limited, 1994
Para um estudo mais detalhado ver aqui