Dante Gabriel Rossetti, The Grail Maiden, 1874
Elaine de Corbenek (também conhecida como Amite, Helaine, Heliaebel , Helizabel ou Perevida) é identificada como a “Donzela do Graal”. É referida pela primeira vez no Ciclo da Vulgata mas só em Le Morte D’Arthur, de Thomas Malory, emerge como uma personagem determinante na lenda do Graal. Filha do rei Pelles, a sua primeira acção significativa é mostrar o Santo Cálice a Lancelot. E é com o cavaleiro que concebe Galahad.
O rei Pelles profetiza que da união de Lancelot e Elaine nascerá Galahad, “ o mais nobre cavaleiro do mundo”, e que este conseguirá alcançar o Santo Graal.
De acordo com Malory, Lancelot salva Elaine de um banho encantado de águas ferventes e a donzela apaixona-se por ele. Como sabe que o cavaleiro só tem olhos para Guinevere, pede ajuda à sua aia, Dame Brusen, para o seduzir. Dame Brusen, por artes mágicas, consegue iludir Lancelot e fazê-lo pensar que está com Guinevere, quando de facto está com Elaine.
Na manhã seguinte, quando Lancelot descobre que dormiu com outra mulher que não Guinevere, desembainha a sua espada e ameaça matar Elaine. Esta diz-lhe que terá um filho dele e Lancelot beija-a e parte. O tempo passa e Elaine dá à luz Galahad.
Já em Camelot, Elaine sofre ao ser ignorada por Lancelot. Novamente recorre a Dame Brusen e esta, mais uma vez, consegue unir cavaleiro e donzela por uma noite. No entanto, são surpreendidos por Guinevere que, furiosa, afirma não querer vê-lo nunca mais... Lancelot, enlouquecido de desgosto, salta da janela e foge desesperado.
Elaine confronta corajosamente Guinevere acusando-a de crueldade desnecessária e abandona a corte. É ela que ajuda Lancelot a recuperar-se mostrando-lhe o Santo Graal que o cura. Lancelot parte com Elaine, vivendo com ela vários anos.
Elaine of Carbonek é frequentemente eclipsada por Elaine de Astolat ( inspiradora da famosa Lady of Shalott do poema de Tennyson). Ambas apaixonam-se por Lancelot mas só a de Carbonek consegue seduzir, ainda que por meios duvidosos, o cavaleiro. Apesar disto, é desconsiderada pela maioria dos analistas literários, ao contrário da de Astolat. Uma hipótese para este facto, é a ambiguidade moral das suas acções. Ela não se enquadra numa categoria definida das personagens femininas do ciclo arturiano pois não é boa nem má. Mas é, para todos os efeitos, a Donzela, a Guardiã do Graal que sacrifica a sua virgindade e pureza para conceber com o melhor cavaleiro do reino, o futuro herói do Graal.
Ilustração de Arthur Rackman, 1917