"Na tradição celta, o Outro Mundo (ou o Além) é um lugar de realidade superior, onde vivem os deuses e a plenitude do potencial individual é revelada. Não é um lugar de fantasmas e horrores, como na tradição clássica cristã. Em vez disso, encontramos ilhas repletas de salmões, salões de festas e pilares de prata que se erguem do mar. Há muitos desafios na forma de grandes animais, incríveis gigantes, ilhas de riso e lágrimas incessantes, mas cada um tem uma lição a ensinar. (...)
A jornada de Maelduin leva-o do mundo onde os homens e os seus feitos de armas predominam para o Outro Mundo, no qual vivem mulheres e maravilhas. O seu immram (jornada mística) torna-se uma profunda iniciação, permitindo-lhe tornar-se um adulto maduro. O que começa como uma viagem para a vingança contra os assassinos do seu pai, torna-se numa jornada educativa e numa exploração do Outro Mundo, conduzida pelo seu pai, ausente, do outro lado, o da morte."
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Arthur Loureiro, Primavera, 1891 |
Chegaram a uma ilha de árvores. Maelduin pegou num ramo. Após três dias, três maçãs começaram a crescer no galho, sustentando-os por quarenta dias.
Na tradição celta, a maçã é uma fruta da vida eterna. O maravilhoso ramo de maçãs é uma amostra da árvore sobrenatural que alimenta o espírito. A ilha é como o reino paradisíaco do Outro Mundo, Avalon, a Ilha das Maçãs, onde o rei Artur recupera a sua saúde. Nesta ilha, os viajantes aprendem a deixar que os seus dons e percepções naturais amadureçam, um aspecto importante da viagem xamanística.
Caitlin Matthews, O Livro Celta dos Mortos